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O Uso de Inteligência Artificial por Israel na Seleção de Alvos em Gaza

Israel tem intensificado seus ataques aéreos na Faixa de Gaza, com a promessa de atingir apenas alvos militares. No entanto, a metodologia utilizada para selecionar esses alvos, especialmente o papel da inteligência artificial (IA), tem recebido pouca atenção. Com a retomada dos ataques após uma trégua de sete dias, surgem preocupações sobre a abordagem de Israel na escolha dos alvos, em um conflito que já resultou em mais de 15.000 mortes, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

A Força de Defesa de Israel (IDF) é conhecida por sua habilidade técnica e já fez alegações sobre o uso de novas tecnologias em conflitos anteriores. Durante a guerra de 11 dias em maio de 2021, Israel afirmou ter travado sua “primeira guerra de IA”. No conflito atual, a IDF está utilizando uma plataforma de criação de alvos chamada “Gospel”, que acelerou significativamente a identificação de alvos, comparando o processo a uma “fábrica”.

Detalhes sobre o Gospel foram revelados por meio de entrevistas com fontes de inteligência e declarações de oficiais da IDF. A plataforma é parte de uma unidade de inteligência militar que desempenha um papel crucial na resposta de Israel aos ataques do Hamas em outubro. Essa situação levanta preocupações sobre os riscos para civis, à medida que exércitos avançados adotam sistemas automatizados complexos.

Em novembro, a IDF afirmou ter identificado mais de 12.000 alvos em Gaza. A divisão de alvos, criada em 2019, utiliza o sistema Gospel para produzir recomendações rápidas e automáticas de alvos. Fontes confirmaram que o Gospel é usado para recomendar ataques a residências de indivíduos suspeitos de serem operativos do Hamas ou da Jihad Islâmica.

A divisão de alvos foi criada para resolver um problema crônico da IDF: a falta de alvos em operações anteriores em Gaza. Com o uso do Gospel, a IDF pode localizar e atacar um número maior de operativos, incluindo membros de menor escalão do Hamas. Isso resultou em um aumento significativo no número de alvos diários, de 50 por ano para 100 por dia.

A precisão dos ataques é questionada, apesar das alegações de que o sistema de IA minimiza danos a civis. Especialistas em IA e conflitos armados expressam ceticismo sobre a eficácia dessas tecnologias em reduzir danos colaterais. A realidade no terreno, com a destruição generalizada em Gaza, contradiz as alegações de precisão.

O uso de IA na criação de alvos levanta preocupações sobre a “fábrica de assassinatos em massa”, onde a quantidade de alvos supera a qualidade. Especialistas alertam para o risco de “viés de automação”, onde humanos confiam excessivamente em sistemas automatizados, perdendo a capacidade de avaliar adequadamente o risco de danos a civis.

 

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